RÁDIO MENSAGEIRA DA PAZ

sábado, 13 de agosto de 2011

Matrimônio de São José com Maria Santíssima


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MÍSTICA CIDADE DE DEUS – PRIMEIRO TOMO – SEGUNDO LIVRO
CAPÍTULO 22
CELEBRAÇÃO DO DESPOSÓRIO DE MARIA SANTÍSSIMA COM O SANTO E CASTÍSSIMO JOSÉ
Reunião dos jovens no templo

                         Chegou o dia marcado, em que nossa Princesa completava catorze anos de idade, como dissemos no capitulo precedente. Reuniram-se os jovens des­cendentes da tribo de Judá e linhagem de David, de quem descendia a soberana Se­nhora, que nessa ocasião se encontravam na cidade de Jerusalém. Pertencendo à família real de David, também foi chamado José, natural de Nazaré e residente na cida­de santa. Tinha então trinta e três anos de idade, de talhe distinto e agradável sem­blante, onde se-espelhava incomparável modéstia e gravidade. Acima de tudo, era castíssimo no proceder e pensamentos, de inclinações santíssimas; fizera, desde os doze anos, voto de castidade. Era primo em terceiro grau da Virgem Maria, de vida puríssima e irrepreensível aos olhos de Deus e dos homens.
Súplicas a Deus a manifestação de sua vontade

Reunidos estes homens no templo, juntamente com os sacerdotes, fizeram oração ao Senhor pedindo que fossem guiados por seu divino Espírito, no que iam realizar. Falou o Altíssimo interior­mente ao sumo sacerdote, inspirando-lhe dar uma vara seca a cada um dos jovens ali reunidos e pedirem, com viva fé, à Sua Majestade, declarar por aquele meio, quem seria o escolhido para esposo de Maria.
O perfume das virtudes da Vir­gem, a fama de sua formosura, bens e família, o fato por todos conhecido de ser primogénita e único membro da família, levava todos eles a cobiçar a sorte de a merecer por esposa.
Somente o humilde e retíssimo José, entre os presentes, se reputava in­digno de tanto bem. Lembrando-se do voto de castidade que fizera, propondo de novo sua perpétua observância, entregou-se à divina vontade, para o que dele quisesse fazer. Apesar disso, sentiu pela hones­tíssima donzela, Maria, maior veneração e apreço do que qualquer um dos outros.
José foi o indicado para esposo de Maria

Estando todos nesta oração, floresceu somente a vara de losé e, ao mesmo tempo, desceu alvíssima pomba, cheia de admirável resplendor, pousando-lhe acima da cabeça. Ao mesmo tempo, falou-lhe Deus interiormente,dizendo-lhe: José, meu servo, tua esposa será Maria, recebe-a com reverência e cuidado, porque a meus olhos é aceita, justa e puríssima de alma e corpo, e farás tudo o que Ela te disser.
Com a revelação e sinal do céu, os sacerdotes declararam São José, escolhi­do pelo próprio Deus, para esposo da donzela Maria. Chamada para o desposório, apresentou-se a eleita como o sol, mais formosa que a lua (Ct 6, 9). Apareceu na presença de todos, com semblante mais que angélico, de incomparável beleza, modéstia e graça, e os sacerdotes desposaram-na com o mais casto e santo dos homens, José.
Saudosa e séria, a divina Princesa, mais pura do que as estrelas do firmamento e rainha de majestade humilíssima, despediu-se dos sacerdotes, pedindo-lhes a bênção. Outro tanto fez com a mestra e condiscípulas, pedindo-lhes perdão e agradecendo-lhes todos os bene­fícios que, por elas, recebera no templo.
Procedeu com grande humildade e mui breves e prudentes palavras porque, em todas as ocasiões, proferia poucas e muito ponderadas. Despediu-se do tem­plo, não sem grande sentimento, por ter que o deixar, contra a própria inclinação e desejo. Acompanharam-na alguns dos principais ministros leigos do templo, que ali serviam nas coisas temporais. Com o esposo José, dirigiram-se para Nazaré, ci­dade natural dos felicíssimos esposos.
Não obstante ter José nascido em Nazaré, dispôs o Altíssimo, por meio de alguns sucessos de fortuna, fosse viver algum tempo em Jerusalém, para ali a me­lhorar tão ditosamente, que se tornou esposo Daquela que Deus escolhera para Mãe.
Em Nazaré, Maria e José recebem visitas de felicitações
Chegando a Nazaré, onde a princesa do céu tinha a casa e os bens de seus felizes pais, foram recebidos e visitados pelos amigos e parentes, com a alegria e cumprimentos que em tais ocasiões se costumam. Tendo santamente cumprido com o natural dever de urbanidade e satisfeito estas obrigações sociais de convívio humano, ficaram sossegados Jose e Maria em sua casa.
Era costume entre os hebreus que, durante os primeiros dias de matrimônio, os esposos fizessem mútuo exame e experiência dos costumes e índole de cada qual, para melhor reciprocamente se adaptarem.
São José procura conhecer as intenções e desejos de Maria Santíssima
Disse São José à sua esposa Maria: - Esposa e Senhora minha, dou graças ao Altíssimo pela mercê de me haver escolhido, sem méritos, para vosso espo­so, quando me julgava indigno de vossa companhia. Mas, já que Sua Majestade quer exaltar o pobre e fez esta misericórdia para comigo, desejo me ajudeis, como es­pero de vossa discrição e virtude, a lhe dar a devida retribuição, servindo o Senhor com sincero coração. Para isto, considerai-me vosso servo, com o verdadeiro afeto com que vos estimo. Peço-vos queirais suprir o muito que me falta de bens mate­riais e outros predicados, que se exigiriam para ser esposo vosso. Dizei-me, Senhora, qual é vossa vontade para eu cumpri-la.
Resposta da Virgem. Presença de seus anjos
Ouvindo estas razões a divi­na Esposa, com humilde coração e aprazível seriedade no semblante, respondeu ao Santo: - Sinto-me feliz, senhor meu, que o Altíssimo, ao colocar-me neste estado de vida, vos escolhesse para meu esposo e senhor, e que servir-vos fosse a expressão de sua divina vontade. Se, porém, me permitirdes, manifestarei minhas intenções e pensamentos.
Preveniu o Altíssimo, com sua graça, o sincero e leal coração de São José. Por meio das Palavras de Maria  Santíssima, novamente o inflamou no divino amor.
Respondeu São José: - Falai, Senhora, que vosso servo ouve.
Assistiam, nesta ocasião, à Se­nhora do mundo, seus mil anjos da guarda em forma visível, conforme Ela lhes pedira. A razão deste pedido foi permitir o Altíssimo que a puríssima Virgem se sentisse tomada de respeito e recato para falar com seu esposo, e assim agir em tudo com maior graça e mérito. Deixou-lhe a natural timidez, e receio que sempre tivera de falar a sós com um homem, o que nunca até aquele dia acontecera, a não ser, vez ou outra, com o sumo sacerdote.
Maria confia a São José seu voto de perpétua castidade

Obedeceram os santos an­jos a sua Rainha e lhe assistiram, vendo-os só Ela. Assim acompanhada, falou a São José: - Meu Senhor e esposo, é justo que, com toda a reverência, louvemos e glorifi­quemos nosso Deus e Criador, infinito na bondade, incompreensível em seus desíg­nios. Deus nos manifestou sua mise­ricórdia, escolhendo-nos a nós, pobres, para servi-lo.
Entre todas as criaturas, reconheço-me por mais devedora do que qualquer uma delas, ou do que todas juntas, porque, merecendo menos, recebi mais de sua mão liberalíssima. Em meus primeiros anos, compelida por esta verdade e pelo des­prendimento de todas as coisas visíveis que a divina luz me comunicou, consagrei-me a Deus com perpétuo voto de ser casta de alma e corpo. A Ele pertenço e o reconheço por Esposo e Senhor, com imutável vontade de lhe guardar fiel castidade
Para cumpri-lo, meu Senhor, que ro que me ajudeis e, no mais, serei vossa fiel serva, para cuidar de vossa vida, enquanto durar a minha. Concordai, meu esposo com esta determinação. Confirmando-a com a vossa, ofereçamo-nos em agradável sacrifício a nosso eterno Deus, para que nos receba em odor de suavi­dade, e possamos alcançar os bens eternos que esperamos.
Resposta de São José
Repleto de interior júbilo com as razões de sua divina esposa, o castíssimo José lhe respondeu:
 - Declarando-me, Senhora, vossos propósitos e castos pensamentos, penetrastes meu coração, que não quis abrir antes de co­nhecer o vosso. Reconheço-me também, entre os homens, pelo mais devedor ao Senhor de toda a criação, porque, muito cedo, me atraiu com sua verdadeira luz, para que o amasse na retidão de coração.
Quero saibais, Senhora, que, aos doze anos de idade, também fiz promessa de servir ao Altíssimo em castidade perpé­tua. Volto agora a ratificar meu voto, para não impedir o vosso, antes, na presença de Sua Alteza, prometo-vos ajudar, quanto estiver em minhas forças, para que, em toda pureza, O sirvais e ameis, conforme vosso desejo. Com a divina graça, serei vosso fidelíssimo servo e companheiro. Suplico-vos, aceiteis meu casto afeto e me consi­dereis vosso irmão, sem jamais admitir outro amor estranho, fora do que deveis a Deus e depois a mim.
Durante esta palestra, o Altíssimo confirmou novamente o coração de São José, na virtude da castidade e no amor santo e puro que deveria nutrir por sua santíssima esposa Maria. Assim o teve o Santo, em grau eminentíssimo, que a prudentíssima conversação da Senhora, contínua e docemente aumentava, arrebatando-lhe o coração.
Distribuem os bens herdados de SantAna e São Joaquim

                         Mediante a divina graça que Deus lhes infundia, sentíram os santíssimos e castíssimos esposos incomparável júbi­lo e consolação. A divina Princesa ofereceu-se a São José para corresponder a seus desejos, como Senhora das virtudes que, sem contradição, praticava em todas o mais elevado e excelente.
Comunicou o Altíssimo a São José nova pureza e domínio sobre a natu­reza e suas paixões, para que sem rebelião nem solicitação, mas com admirável e nova graça, servisse sua esposa Maria, e Nela, à vontade e beneplácito do Senhor.
Em seguida, distribuíram os bens herdados de São Joaquim e Sant'Ana, pais da Santíssima Senhora. Uma parte oferece­ram ao templo onde ela vivera, outra foi aplicada aos pobres e a terceira deixou ao cuidado de São José para administrá-la. Para si, nossa Rainha reservou somente o cuidado de servi-lo e trabalhar no interior de seu lar.
Do movimento externo, do uso do dinheiro para compras e vendas, sempre se eximiu a prudentíssima Virgem, como disse em outra parte.

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