Sob a pressão das burocracias cubana e soviética, pressionados pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) os líderes sandinistas optaram, desde o início, pela luta armada para derrubar a família Somoza |
Em 1979, com a derrubada da ditadura de Somoza a Nicarágua indubitavelmente ajudava a atiçar uma nova onda de luta revolucionária por toda a América Central. A vitória Sandinista reacendia a idéia de uma luta insurrecional entre os jovens lutadores que combatiam as ditaduras da América Latina.
Sob a pressão das burocracias cubana e soviética, pressionados pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) os líderes sandinistas optaram, desde o início, pela luta armada para derrubar a família Somoza, instalada no poder desde a década de 1930, com o apoio dos Estados Unidos. Um período revolucionário e de violência se desencadearia nos próximos anos.
E é dentro desse contexto histórico, político e social que a Mãe do Verbo se manifesta mais uma vez para o campezino Bernardo Martinez, em um lugarejo chamado Cuapa, no ano de 1980.
Bernardo foi procurado por revolucionários sandinistas que o tentaram subornar, oferecendo-lhe terras. Negando veemente em trair a Santíssima Virgem, Bernardo passou a ser vítima da televisão sandinista que o acusava de louco, histérico e alucinado. (Cf. em http://www.cuapa.com/Bernardo.htm).
À seguir, com objetivo de minuciar detalhes de uma intervenção celestial de Maria Santíssima, transcrevemos na íntegra a carta do Bispo de Juigalpa esclarecendo os eventos ocorridos em Cuapa nesse período que se seguiu.
Carta do Revmo. Bispo de Juigalpa, Monsenhor Pablo Antonio Vega, sobre as aparições de Cuapa, Nicarágua:
Cuapa é um pequeno vale, pertencente à municipalidade de Juigalpa, em Chontales. Seus habitantes são os menores proprietários de gado |
Já faz três anos que um dos camponeses da região chegou comunicando uma mensagem que ele disse ter recebido de Maria em uma série de sonhos e aparições.
Discernir a verdade destes fatos depende mais dos sinais extraordinários de Deus que a simples análise dos eventos.
Mas andaram circulando versões que não representam os eventos e que distorcem o conteúdo da mensagem. Por esse motivo, por causa do dever e obrigação de proteger a integridade da piedade dos fiéis e a verdade dos eventos, em minha posição como Bispo da região, achei-me na obrigação de assegurar a autenticidade dos eventos para ser capaz de assistir no discernimento do real valor atribuído à mensagem.
Com este propósito em vista, busquei a colaboração de algumas pessoas para colher com o maior detalhe possível e do testemunho pessoal daquele que teve as visões, um relato dos eventos, sem omitir o testemunho adjunto que poderia confirmar os eventos declarados verbalmente.
Em primeiro lugar, é nossa intenção esclarecer o conteúdo da mensagem para sermos capazes de estabelecer sua concordância com a mensagem evangélica, que como Igreja somos obrigados a aclamar publicamente e desenvolvê-la com toda sua força e plenitude.
O "relatório" que apresentamos mantém o conteúdo preciso e a linguagem usada pelo indivíduo que recebeu as visões.
De nossa parte, ficamos surpresos com a ênfase dada às responsabilidades que cabem ao homem na tarefa de "fazer a paz" e de "construir o mundo"; uma ênfase religiosa que não é típica da religião popular, que costuma deixar tudo para Deus.
Esperamos que o relatório que apresentamos sirva como convite à reflexão sobre as obrigações sociais que freqüentemente são totalmente esquecidas por muitos de nossos cristãos.
Juigalpa, 13 de novembro de 1982
Mons. Pablo Antonio Vega M.
Bispo de Juigalpa
Mons. Pablo Antonio Vega M.
Bispo de Juigalpa
As Aparições de Nossa Mãe Santíssima em Cuapa, Nicarágua
Em nome do Pai,do Filho e
do Espírito Santo.
Amém.
Eu, Bernardo Martinez, vou contar ao meu Bispo, Mons. Pablo Antonio Vega, sobre os eventos no Vale de Cuapa. Quero obedecer a ele. Eu me submeto a ele em tudo.
Sinal de Luzes
Antiga capela onde os sinais sobrenaturais começaram |
Mas então tentei ir chamar a atenção delas e ir à casa delas para fazer isso... eu não consegui dizer nada. Eu as vi inocentes — intimamente eu podia ver isso — e eu vi que eu as estava culpando sem que elas tivessem culpa. Então pensei em não dizer nada, e se alguma coisa além do mínimo tivesse sido gasto, eu mesmo pagaria.
No dia 15 de abril de 1980, eu vi a imagem toda iluminada. Pensei que eram os meninos jogando na praça, que tivessem quebrado as telhas e que assim a luz entrava sobre a imagem. Também pensei em cobrar deles pelas telhas e pelo custo dos reparos, porque eu já os havia cobrado por isso antes; desde então não havia cobrado de novo. Mas pensei que eles tivessem invadido porque eu moro longe e pensei: "Agora que eu não estava aqui, eles jogaram e quebraram as telhas." Cheguei mais perto para ver, e vi que não havia nenhum buraco no teto; fui para fora para ver se era por causa das janelas que a luz de fora estava entrando e eu não podia ver nada; eu voltei para perto da imagem para ver se alguém havia colocado nela um rosário fosforescente. Eu olhei as mãos, os pés, o pescoço... não havia nada. A luz não vinha de nada, vinha dela, da imagem. Foi um grande mistério para mim, com a luz que vinha dela se podia andar sem tropeçar. E era de noite, quase oito horas da noite, pois cheguei tarde. Então compreendi que era uma coisa estranha... e que não era uma coisa comum, bom, para mim... Eu pensei: "A Virgem Santa, a briga com as pessoas." Eu decidi pedir desculpas para elas, porque fiquei tão emocionado por vê-la tão iluminada... Eu a vi linda... a imagem... agora... Eu não a vejo tanto assim.
Fui tocar o sino da igreja porque cheguei uma hora atrasado, e com o incidente da iluminação ficou ainda mais tarde para a reza do Rosário. Tudo aquilo estava gravado na minha mente e eu pensei: "Vou levar a culpa por isso”.
Quando estes pensamentos passavam por minha cabeça, eu me lembrei de uma coisa que minha avó costumava me dizer quando eu era criança: "Nunca seja uma lâmpada na rua e uma escuridão em casa." Compreendi meu pecado: eu queria que os outros fizessem paz, mas eu estava brigando em minha própria casa. Digo isso porque eu havia ajudado a resolver um problema na cidade de Cuapa. Houve uma divisão entre as pessoas porque muitos se opuseram à chegada de cubanos para o programa de educação. Os opositores principais eram os homens jovens que iam ensinar. Eles disseram que poderíamos fazer tudo nós mesmos: professores, estudantes do centro escolástico e voluntários da cidade. Os jovens estavam tão violentos por isso que diziam: "Se o padre deseja que cubanos venham aqui, é melhor que ele volte para a Itália". Mas, pouco a pouco, conversando com o sacerdote nós arranjamos tudo sem violência. Eu digo que nós arranjamos tudo porque nenhum cubano veio a Cuapa para o programa de educação.
Bernardo na entrada de sua modesta casa em Cuapa |
Pensei sobre tudo isso e voltei ao pensamento de que eu podia ajudar a trazer a paz lá, mas em minha própria casa eu não estava fazendo isso. E dessa forma decidi pedir perdão na frente de todas as pessoas. Eu fiz isso. Elas me perdoaram.
Depois do pedido público de desculpas, contei a todas as pessoas que estavam lá, rezando o Rosário, o que eu havia visto: a imagem iluminada. Mas pedi para elas manterem segredo. Isso não aconteceu. O segredo se espalhou por toda Cuapa e eu sofri por causa disso, porque alguns me ridicularizaram.
Uma das irmãs na comunidade foi para Juigalpa e contou ao sacerdote que é também nosso reitor. Assim que ele chegou a Cuapa, ele me perguntou: "Que novidades você tem?" Eu disse que nenhuma e ele insistiu: "Você tem alguma."
Um dia cheguei à casa da Sra. Consuelo Marin e ela me perguntou. Contei a ela tudo o que havia acontecido, e ela me respondeu que acreditava e para eu dizer à Virgem que ela queria vê-la iluminada. Ela me prometeu que eu a faria saber se eu a visse de novo.
O sacerdote, nosso pároco, num outro dia novamente me perguntou e me disse tudo o que haviam contado a ele. Eu lhe disse que sim, que era verdade. Ele me disse para contar tudo para ele. Eu contei. Ele me perguntou o que eu rezei. Eu disse que o Rosário e três Ave-Marias à Virgem Santa, desde que era pequeno. E que minha avó me ensinou a chamá-La sempre quando tinha qualquer problema, dizendo: "Não me deixe, minha Mãe." Ela também me ensinou a dizer: "É Maria nossa Auxiliadora, doce farol do mar. Desde que aprendi a amar, Ela é o amor de minha alma. Ela guiou todos os passos de minha infância, E por isso, desde minha infância meu amor por Ela permanece."
Ela me ensinou de memória, porque ela não sabia ler. O padre então me disse para rezar e perguntar à Virgem Santa se havia alguma coisa que ela queria de nós, e para Se manifestar mais claramente. Assim eu fiz, mas rezei assim: "Mãe Santíssima, por favor não peça nada de mim. Eu tenho muitos problemas na igreja. Faça seus pedidos a outra pessoa, porque eu quero evitar mais problemas. Eu tenho muitos, no momento. Não quero mais outros". Foi isso o que disse à Virgem Santa.
Com o passar dos dias, as pessoas se esqueceram sobre a iluminação da imagem. Eu, de minha parte, continuei com minha oração como ordenou o padre.
Agora compreendo que foi assim que a Virgem Santíssima me preparou, assim como um fazendeiro prepara a terra. Com aquela confissão pública que fiz diante de meus irmãos... para os quais pedi perdão... Estava havendo uma mudança em mim. Eu mudei; com isso Ela me preparou.
A Primeira Visão
Bernardo Martinez, o escolhido de Maria Santíssima, em Cuapa |
Eu havia trabalhado muito pelas pessoas da cidade e podia ver que elas não gostaram de nada. Eu não tinha vontade de continuar. Na capela eu varri... tirei o pó... lavei as toalhas do altar e as alvas... e por isso mesmo eu era caçoado, era chamado de bobo. Mesmo minha própria família — meus irmãos de sangue -- diziam que eu não prosperei financeiramente por causa de meu envolvimento com as coisas na sacristia.
Eu me tornei sacristão mas sem ganhar dinheiro por isso. Comecei a trabalhar na casa de Deus desde que fui capaz de usar um pano e uma vassoura... Na época eu era muito pequeno. Fiz isso porque daquela maneira eu servia o Senhor. De qualquer forma, agora em Cuapa tudo estava mudado, porque varrer a capela é uma honra. Agora é uma honra!! As toalhas do altar são lavadas num piscar de olhos; antes que você se dê conta, elas foram lavadas e passadas.
Voltando a como eu me sentia no início de maio, eu mal dormi na noite do dia sete. A noite toda me senti quente e me levantei sentindo esse calor. Comi alguma coisa e disse pra mim mesmo: "Vou ao rio pescar para me sentir mais fresco e tranqüilo." Levantei cedo de manhã com um saco e um facão de mato. Fui para o rio... e me senti feliz... contente... em um ambiente agradável. E não me lembrei de nada.
Quando era meio dia não voltei porque sentia tranqüilidade, alegria... e não sentia fome. À uma hora choveu e fui para baixo da árvore; comecei a rezar o Rosário. Quando a chuva ia parando, eu terminava o Rosário. Eu estava todo molhado, minhas roupas todas encharcadas. peguei os peixes que estavam na areia, coloquei no saco, e fui para uma mangueira para ver se as frutas estavam maduras.
Então fui para um morro cortar um galho para juntar coyoles. Logo depois, fui para uma árvore de jocotes para pegar jocotes. Então pensei que devia estar atrasado. Olhei para o sol porque não tenho relógio. Para nós no campo, o sol é nosso relógio onde vemos as horas. Era três da tarde. As horas foram como minutos. Disse a mim mesmo: "É tarde".
Eu me lembrei que tinha que alimentar os animais e então ir à cidade para rezar o Rosário com as pessoas às cinco. Então saí, dos jocotes em direção à árvore de coyoles, quando de repente vi um relâmpago. Pensei e disse pra mim mesmo: "Vai chover." Mas fiquei espantado porque não havia visto de onde tinha vindo o relâmpago. Parei mas não pude ver nada; nenhum sinal de chuva. Logo depois eu fui para perto de um lugar em que havia algumas rochas. Andei uns seis ou sete passos.
Foi quando vi outro relâmpago, mas foi para abrir minha visão e Ela se apresentou.
Eu então fiquei pensando se isso poderia ser algo ruim, se era a mesma imagem da capela... Mas eu A vi piscar... ela era linda... A pilha de rochas estava... ela ficou... como se... A nuvem... como se coberta com grama Jaragua. E havia uma pequena árvore de Norisco sobre as rochas e sobre aquela árvore estava a nuvem. Essa era a altura da nuvem... a nuvem era extremamente branca... e soltava raios em todas as direções, raios de luz com o sol.
Na nuvem estavam os pés de uma linda senhora. Seus pés estavam descalços. O vestido era longo e branco. Ela tinha um cordão celestial em torno do peito. Mangas longas. Cobrindo-a estava um véu de uma cor creme pálido com bordados dourados nas bordas. Suas mãos estavam postas juntas sobre o peito. Parecia como a imagem da Virgem de Fátima. Estava imóvel. Não consegui correr para gritar. Não senti medo. Estava surpreso.
Pensei e disse: "O que estou vendo? ... Poderia ser a mesma imagem da Virgem que eles... trouxeram e colocaram aqui para mim... A imagem da capela... para brincar comigo porque disse que a vi iluminada... é um truque? Mas não! Eu os teria visto carregando-a."
Então passei a mão sobre meu rosto porque pensei que estava vendo um sonho. E disse: "Pode ser que esteja dormindo, mas não tropecei em nada."
E quando removi minhas mãos do rosto, vi que Ela tinha pele humana e que Seus olhos se moveram e Ela piscou. Então disse, em meus pensamentos porque não conseguia mover minha língua — eu disse: "Ela está viva... não é uma imagem! Ela está viva!"
Minha mente era a única coisa que conseguia mover. Eu me senti amortecido, minha mandíbula e minha língua como se estivessem dormindo; tudo imobilizado, como disse, somente as idéias se movendo em minha cabeça. Estava nesse pensamento quando ela estendeu os braços — como na Medalha Milagrosa que nunca havia visto, mas que me mostraram mais tarde.
Ela estendeu os braços e de suas mãos emanaram raios de luz mais fortes que o sol... Ela ficou... Ela deixou as mãos levantadas e os raios que vinham de Suas mãos atingiram meu peito.
Quando Ela parou de emitir a luz foi que me encorajei a falar, ainda que gaguejando. Eu lhe perguntei: "Qual o seu nome?"
Ela me respondeu com a voz mais doce que já ouvi de qualquer mulher, nem mesmo em pessoas que falam com suavidade. Ela me respondeu e disse que seu nome era Maria. Eu vi como Seus lábios se moveram. Então disse: "Ela está viva! Ela falou! Ela respondeu a minha pergunta!" Eu não podia imaginar que pudéssemos conversar, que poderia falar com Ela. Eu então lhe perguntei de onde Ela vinha. Ela me disse com a mesma doçura.
"Eu vim do céu. Sou a Mãe de Jesus."Ouvindo isso eu imediatamente lhe perguntei — lembrando o que o sacerdote me havia dito — eu lhe perguntei: "O que a Senhora quer?" Ela me respondeu:
"Eu quero que o Rosário seja rezado todos os dias."Então interrompi e Lhe disse: "Sim, nós estamos rezando... O padre trouxe para nós as intenções da paróquia de San Francisco para que nos possamos unir a eles." Ela me disse:
"Eu quero que seja rezado permanentemente, na família... incluindo as crianças que tiverem idade o suficiente para compreenderem... para ser rezado numa hora em que não houver problemas com o trabalho da casa".Ela me disse que o Senhor não gosta de orações feitas correndo ou mecanicamente. Por causa disso Ela recomendou a oração do Rosário com a leitura de citações bíblicas e que puséssemos em prática a Palavra de Deus. Quando ouvi isso, pensei e disse: "Como?" porque não sabia que o Rosário era bíblico. Foi por isso que Lhe perguntei: "Onde estão as citações bíblicas?" Ela me disse para procurá-las na Bíblia e continuou a dizer:
"Amem-se uns aos outros.Depois Ela me disse:
Cumpram com suas obrigações.
Façam a paz. Não peçam a paz a Nosso Senhor
porque se vocês não a fazem não haverá paz."
"Renovem os cinco primeiros sábados. Vocês receberam muitas graças quando todos faziam isso."Antes da guerra costumávamos fazer isso — íamos à confissão e comunhão todo primeiro sábado do mês — mas como o Senhor já havia nos libertado do derramamento de sangue em Cuapa, não continuamos com essa prática.
Então Ela disse:
"A Nicarágua sofreu muito desde o terremoto. Ela está ameaçada com ainda mais sofrimento. Ela continuará a sofrer se vocês não mudarem."E após uma pequena pausa, disse:
"Rezem rezem, meu filho, o Rosário, pelo mundo todo. Diga aos crentes e não crentes que o mundo está ameaçado por graves perigos. Pedi ao Senhor que abrande Sua justiça, mas, se vocês não mudarem, apressarão a chegada da Terceira Guerra Mundial."Depois que Ela disse estas palavras, compreendi que eu teria que dizer isto às pessoas e Lhe disse: "Senhora, eu não quero problemas; tenho muitos na igreja. Diga isto para outra pessoa."
Ela então me disse:
"Não, porque Nosso Senhor o escolheu para dar a mensagem."Quando Ela me disse isso, vi que a nuvem em que estava se levantava, e lembrei-me do quea Sra. Consuelo Marin tinha dito e disse a Ela: "Senhora, não vá porque quero ir contar à Sra. Consuelo porque ela me disse que queria vê-La."
Ela me disse:
"Não. Nem todos podem Me ver. Ela Me verá quando a levar ao céu, mas ela deve rezar o Rosário como pedi."
"Eu vim do céu. Sou a Mãe de Jesus" |
Fui à capela para rezar o Rosário e não disse nada. Quando voltei para casa, me senti triste. Meus problemas aumentaram com aquilo. Rezei o Rosário novamente e pedi à Mãe Santíssima que me libertasse das tentações porque pensei que era isso — uma tentação. Durante a noite ouvi uma voz me dizendo que eu deveria contar.
Acordei novamente, e de novo rezei o Rosário. Eu não tinha paz. Não contei a ninguém porque não queria que as pessoas falassem. Já estavam falando porque eu tinha visto a imagem iluminada. Pensei: "Agora será pior. Nunca vou ter paz". Foi por isso que não queria contar a ninguém. E não voltei ao local das aparições. As mangas e jocotes foram perdidos. Fui para o rio, mas por outro caminho. Vou para o rio todo dia para nadar e para dar água ao bezerro que tenho.
Durante este período em que guardei segredo, um grande peso parecia ter caído em mim e eu ouvia algo como uma voz que me dizia para contar. Mas eu simplesmente não queria contar. Como o sofrimento era cada vez maior, procurei maneiras de me distrair. Mas nada era uma distração. Procurei meus amigos para me divertir — novos e velhos amigos — mas sempre no meio da diversão eu ouvia a voz e a tristeza voltava. Eu estava ficando magro e pálido. As pessoas me perguntavam o que havia de errado, se eu estava doente. Eu dizia que não. Oito dias assim se passaram.
Dia 16 de maio eu estava indo dar água ao bezerro. Eu estava cruzando o pasto, sem conseguir ver o bezerro. Eu andava com um bastão. Quando estava perto de um Guapinol, já no meio do pasto, com o sol forte como se direto sobre minha cabeça, vi um relâmpago. Era meio-dia. Em plena luz, porque, como disse, era um dia quente e ensolarado, havia uma luz ainda mais forte — mais do que a luz do meio-dia.
Naquele relâmpago, Ela se apresentou. Eu A vi da mesma forma que no dia 8 de maio, com suas mãos juntas, e então Ela as estendeu. E ao estender as mãos, os raios de luz vieram em minha direção. Eu fiquei olhando para Ela.
Permaneci quieto, mas disse para mim mesmo: "É Ela! É a mesma. A mesma Senhora aparece de novo para mim." Pensei que Ela tinha vindo se queixar por tudo o que Ela me disse para contar. Eu me senti culpado por não ter falado como Ela me pediu da primeira vez, e na minha cabeça eu disse: "Eu não vou ao lugar onde Ela apareceu porque Ela aparece lá, e agora Ela aparece para mim aqui. Que situação, Ela estará me seguindo onde quer que eu esteja." Estava com isso na cabeça, quando Ela me disse com um tom — com sua voz suave — mas com uma entonação como de repreensão:
"Por que você não disse o que lhe enviei a dizer?"Então respondi: "Senhora, é que estou com medo. Estou com medo de ser o ridículo das pessoas, medo de que riam de mim, de que não acreditem em mim. Aqueles que não acreditarem nisto, vão rir de mim. Dirão que estou louco." Ela então me disse:
"Não tenha medo. Vou ajudá-lo, e diga ao padre."Dizendo isso, houve outro relâmpago e Ela desapareceu. Então continuei a andar e vi o bezerro que antes não conseguia ver. Eu o levei ao rio, dei um pouco de água, e voltei para casa. Eu me arrumei para ir à capela e então rezei o Rosário.
Pensei em dizer somente para a Sra. Lilliam Ruiz de Martinez para a Sra. Socorro Barea de Marin. Foi o que fiz. Eu tinha mais confiança nelas do que em qualquer outra pessoa na comunidade de Cuapa. Eu as chamei à parte e lhes contei tudo o que tinha visto e ouvido. Elas então me repreenderam. Era a primeira vez que eu recebia uma repreensão sem responder nada, porque sempre tentava me livrar com minhas idéias. E eu resmungava. Prometi a elas que contaria no dia seguinte. Fui para casa e me deitei para dormir.
O dia seguinte amanheceu e senti uma alegria estranha. Todos os problemas, como me pareceu, havia se dissipado. Era dia 17 de maio.
Naquele dia eu contei a todos que vieram a minha casa. Eu lhes contei e eles me ouviram. Alguns acreditaram, outros ouviram curiosos e fingiram acreditar, outros não acreditaram e riram. Mas não me importou. Quando chegou a hora de rezar o Rosário, rezamos e depois eu lhes contei tudo. Novamente notei a mesma coisa: alguns acreditaram, outros não, outros ficaram ouvindo maravilhados... espantados... outros, analisando, outros permaneceram em silêncio, outros riram e disseram que eu estava maluco. Cada um de acordo com o que sentia. Mas nada disso era importante para mim. Eu me senti feliz por contar tudo.
Dia 19 de maio fui a Juigalpa de manhã e contei ao padre como a Senhora me havia dito. Contei a ele tudo o que havia visto e ouvido. Ele me escutou. E então me disse: "Seria alguém que quer assustar você naqueles morros?" Eu lhe disse que não. Eu disse, não, porque havia uma possibilidade de fazer isso no rio e nos montes em que havia ido cortar o ramo, mas no meio do pasto, onde passo, não havia como. Nada pode ser escondido. É campo aberto. Então ele me disse: "Poderia ser uma tentação que lhe persegue?" Eu lhe disse que não... não sabia porque podia somente relatar a ele o que havia visto e ouvido; mas com relação a tentação, eu não poderia dizer porque não sabia.
Ele então me disse para ir ao lugar onde as aparições ocorreram e para rezar o Rosário lá, fazer o sinal da cruz quando A visse e para não ter medo, porque se fosse algo mau ou bom, nada iria me acontecer. Ele também me disse para não contar a ninguém o que visse ou ouvisse, depois. Mas o que já havia visto, eu poderia contar ao povo de Cuapa.
Esta aparição eu considero uma continuação da do dia 8 de maio, e eu a chamo a da Reclamação.
A Segunda Visão
"Eu lhe mostrei a Glória de Nosso Senhor e vocês a terão se forem obedientes a Nosso Senhor, à Palavra do Senhor; se perseverarem na oração do Santo Rosário e colocarem em prática a Palavra do Senhor" |
Durante a noite, em sonhos, Ela se apresentou. Era a mesma que durante o dia — eu estava no mesmo lugar onde A vi pela primeira vez. Eu rezei o Rosário. Ao final do Rosário, novamente vi os dois relâmpagos e Ela apareceu. Em meu sonho eu Lhe disse: "O que a Senhora quer, minha Mãe?" Ele me deu a mesma mensagem que tinha dado da primeira vez, e depois Lhe fiz alguns pedidos que tinha, porque agora as pessoas me recomendavam coisas para dizer a Ela. Ela me respondeu dizendo:
"Alguns serão atendidos, outros não."E fiquei sem saber quais seriam atendidos e quais não. Os pedidos que o povo de Cuapa me fizeram eram variados: alguns pediam coisas que eram mais ou menos materiais; tais como "ter sorte no trabalho", "ser curado de uma doença", e outros problemas. Outros pediram coisas espirituais; tais como, "ter paciência", "amor a Deus", "Fé", "perseverança na oração", "ser capaz de amar os que não gostam de mim e os que prejudicam aqueles a quem amo". Quando voltei, fui incapaz de dizer as pessoas quais seriam realizados e quais não.
Nossa Senhora apareceu sobre a pequena árvore de Norisco como da primeira vez. Ela olhava para o leste. À Sua esquerda, perto da pilha de rochas em que nasceu a pequena árvore, havia dois cedros. Atualmente um deles não existe mais, porque as pessoas tiraram o tronco pedaço a pedaço; o outro também estava desaparecendo. Então os cedros não são mais cedros; desfolhados, sem folhas e ramos, eles estão secos. A única parte que resta é a parte em que o tronco se liga à raiz. Do pequeno Norisco nada resta; ele desapareceu completamente. À direita dela, mas um pouco mais longe, há quatro palmeiras de coyole. Entre a primeira e a segunda, como quem vem do rio, há um grande espaço. Erguendo Sua mão direita, Ela indicou aquele espaço e disse:
"Olhe para o céu."Eu olhei naquela direção. O Jocaro que fica em frente, entre as duas palmeiras, não impediu que eu pudesse ver, porque ele tem poucos troncos e é baixo. Ela mostrou algo como um filme no espaço que eu falei.
"Estes foram os primeiros para quem dei o Rosário. Essa é a forma em que desejo que todos vocês rezem o Rosário" |
"Veja, estas são as primeiras comunidades quando começou o Cristianismo. São os primeiros catecúmenos; muitos deles foram mártires."Naquele momento eu não sabia exatamente o significado de ser um mártir — sei agora, porque tenho perguntado, que é aquele que professa Jesus Cristo abertamente em público, que é uma testemunha Dele, até mesmo dando sua vida — mas respondi que sim.
"Vocês querem ser mártires?"
"Você mesmo deseja ser um mártir?"
Depois daquilo vi outro grupo, também vestido de branco com alguns rosários luminosos nas mãos. As contas eram extremamente brancos e irradiavam luzes de diferentes cores. Um deles carregava um grande livro aberto. Ele lia e depois de escutarem eles meditavam em silêncio. Pareciam estar em oração. Depois desse período de oração silenciosa, eles rezavam o Pai Nosso e dez Ave-Marias. Rezei com eles. Quando o Rosário terminou, Nossa Senhora me disse:
"Estes foram os primeiros para quem dei o Rosário. Essa é a forma em que desejo que todos vocês rezem o Rosário."Respondi à Senhora que sim, faríamos assim. Algumas pessoas me disseram que isso provavelmente tem a ver com os Dominicanos. Não conheço essa ordem religiosa, e até hoje nunca vi alguém dessa ordem.
Depois disso, vi um terceiro grupo, todos em vestes marrons. Mas estes eu reconheci como sendo semelhantes aos Franciscanos. Sempre o mesmo, com Rosários e rezando. Quando eles passavam depois de terem rezado, a Senhora me disse:
"Estes receberam o Rosário das mãos dos primeiros."Depois disso, um quarto grupo chegava. Era uma grande procissão; agora, vestidos como nós. Era um grupo tão grande que era impossível contá-los. Nos primeiros eu via muitos homens e mulheres; mas agora, era como um exército em tamanho, e eles tinham Rosários nas mãos. Estavam vestidos normalmente, em todas as cores. Fiquei feliz por vê-los. Quando alguém se veste diferente de outras pessoas, se sente algo estranho... vendo o primeiro grupo não me senti atraído a eles por causa disso... Eu os admirei, mas não me senti como se estivesse em seu meio, tal como quando vi o último grupo. Logo senti que poderia entrar naquela cena porque estavam vestidos como eu. Mas... Olhei para minhas mãos e as vi negras. Eles, por sua vez, irradiavam luz como os outros que apareceram antes. Seus corpos eram bonitos. Então disse: "Senhora, vou com estes porque estão vestidos como eu." Ela me disse:
"Não. Você ainda está em falta. Você deve dizer às pessoas o que tem visto e ouvido."E ela acrescentou:
"Eu lhe mostrei a Glória de Nosso Senhor e vocês a terão se forem obedientes a Nosso Senhor, à Palavra do Senhor; se perseverarem na oração do Santo Rosário e colocarem em prática a Palavra do Senhor."Depois de haver dito isso, a Visão da Glória de Deus desapareceu e a nuvem que A sustinha A elevou até o Céu. Ela parecia, como disse, a imagem da Assunção. E dessa forma, foi como se a nuvem que a elevava desaparecesse.
Eu havia sido proibido pelo padre de dizer o que via e ouvia, e contei apenas a ele. Tomei o ônibus cedo na manhã do dia 9 de junho e contei ao padre. Pensei que, uma vez contado a ele, ele então iria me dar a permissão, e ele disse que não — que eu mantivesse em segredo. Então comecei a sentir uma tremenda (?) e tristeza que mal podia suportar, e continuei a ouvir uma voz que me dizia para contar. Comecei a sofrer como antes. Mas escolhi obedecer o padre e não relatei nada até que a permissão fosse dada.
E isso aconteceu no dia 24 de junho, que é festa do patrono de Cuapa, então eu pude contar apenas para as pessoas daquela vila. Naquele dia a igreja estava cheia de gente, e fui esperar para encontrá-lo e pedir permissão. O padre me disse "não" duas vezes, e da terceira vez aceitou que eu contasse.
A Terceira Visão
Nossa Senhora havia me dito para rezar pela Nicarágua e pelo mundo todo porque sérios perigos o ameaçavam |
Mas havia um rapaz de Cuapa que estava preso. Ele havia brigado em uma festa; acusaram-no de ser um contra-revolucionário e o levaram prisioneiro depois da guerra. Sua irmã me pediu para que intercedesse por ele. Ela estava muito triste porque ela não podia falar com ele sozinha quando o visitava na prisão. E, além disso, não os deixavam sozinhos para conversar. Então, depois de terminar o Rosário, lembrei-me de que não havia rezado por esse rapaz, e pensei: "Vou rezar por ele, mas o Rosário está me tomando muito tempo..." Pensei assim em meus sonhos porque acreditei estar no lugar das aparições. Disse pra mim mesmo: "Tenho que ir pra casa; será muito tarde quando voltar... vou rezar apenas três Ave-Marias." No sonho eu me ajoelhei e ergui as mãos; novamente olhei para cima rezando pelo rapaz. Quando baixei os olhos e olhei para as rochas onde a Virgem Santíssima havia aparecido, vi um anjo. Ele estava vestido com uma longa túnica branca; ele era alto e muito jovem. Seu corpo parecia banhado em luz. Tinha o físico de um homem. Não tinha adornos, manto, nem coroa. Simples mas bonito. Seus pés não estavam sobre uma nuvem. Estava descalço. Ele tinha um comportamento amigável, gentil, e grande serenidade. Senti uma reverência quando estava diante dele, mas meus sentimentos com relação a ele eram diferentes do que sentia diante da Senhora... como se Ela fosse alguém maior... Ela maior que ele. Não sei explicar, é difícil dizer... De qualquer forma, apesar do fato Dela inspirar em mim maior respeito, isto é... como um grande respeito, uma grande referência, do que senti com relação ao anjo. Com Ela eu era corajoso o suficiente para fazer perguntas; e falei com Ela e fiz pedidos. Com o anjo eu mal falei.
Ouvi o anjo me dizer:
"Sua oração foi ouvida".Após um momento de silêncio ele acrescentou:
"Vá e diga à irmã do prisioneiro para ir e consolá-lo no domingo, porque ele está muito triste; para aconselhá-lo a não assinar um documento; que irão pressioná-lo a assinar um papel no qual ele assume responsabilidade por uma soma de dinheiro; ele é inocente.Então lhe disse que tinha outro pedido de uma prima que mora em Zelaya. Ela veio a Cuapa para me ver e pedir que eu falasse à Virgem Santíssima sobre dois problemas: problemas em casa como resultado do vício da bebida e problemas com o trabalho devido a mudanças trazidas pela Revolução. Ela queria saber como resolver o vício do alcoolismo com seu pai e seu irmão, porque os problemas resultantes em casa eram causados pela violência deles quando bebiam muito. Ela também queria saber o que podia fazer com seus problemas no trabalho como professora. Ela me explicou que não queria perder o emprego, mas parecia que pouco a pouco faziam com que negasse sua fé. Nisso ela sofria muito porque não queria perder o emprego, muito menos negar sua fé.
"Diga que ela não deve se preocupar, que será capaz de falar com ele sozinha por um longo tempo; que ela será tratada de maneira amigável.
"Diga para ir segunda-feira no quartel-general da polícia de Juigalpa para completar todos os passos para sua libertação porque ele será solto naquele dia. Diga para pegar 1.000 córdobas porque estabelecerão uma fiança".
Por isso disse ao anjo que tinha dois pedidos de uma prima para a Santíssima Virgem; e sem entrar em detalhes, eu lhe disse que era com relação a problemas em casa por causa do vício da bebida de seu pai e irmão, e também problemas no trabalho. Não entrei em maiores detalhes. O anjo me respondeu dizendo:
"As pessoas ao redor deles devem ser pacientes com eles, e não devem reclamar quando estiverem inebriados".Depois ele acrescentou:
"Vá e diga a eles para pararem com o vício, para fazê-lo pouco a pouco e que desse modo o desejo os deixará".Ele então me disse para avisar meu primo que iriam assaltá-lo; iriam baleá-lo no pé, ferindo seu calcanhar esquerdo; e que mais tarde iriam matá-lo. Ouvindo isso, fiquei tão assustado que disse ao anjo: "Essa sentença sobre meu primo não pode ser revogada pela oração de vários Rosários?" Ele respondeu:
"Não. Será assim que ele morrerá, mas se ele ouvir seu conselho sua vida pode ser prolongada".Então, ele acrescentou para minha prima:
"Ela não deve ter medo. Deve ficar firme como está. Não deve deixar seu emprego porque como professora que tem fé em Nosso Senhor ela pode fazer muito bem às pessoas".E continuou, dizendo:
"Não vire as costas aos problemas e não amaldiçoe ninguém."
O município de Cuapa não só se caracteriza pelas aparições da Virgem Santíssima, como também por um singular monolito de mais de 150 metros de altura, localizado a quatro quilômetros da área urbana. Presume-se que o nome Cuapa signifique "lugar de sol" |
Ele saiu da cadeia na segunda-feira, 14 de julho, e no dia seguinte fui a Zelaya para lhes dizer sobre a mensagem recebida. Falei aos três. Ela acreditou em mim e me disse que poderia continuar trabalhando como professora. Meu tio escutou e me prometeu que tentaria deixar o vício pouco a pouco. Depois fui a cavalo diretamente para o rancho de meu primo mas ele não acreditou em mim. Ele não acreditou em nada. Ele ouviu, mas sem respeito. Ele estava indiferente comigo e mesmo duro, porque em um tom de voz insultuoso ele me disse: "Primo, você está procurando algum modo de tomar uma bebida?"
Voltei para casa triste e rezei o Rosário por ele. Poucos dias depois ouvi dizer que ele havia sido roubado e sua casa invadida. Retornei a Zelaya para lhe aconselhar e dizer para vender seu rancho e voltar a Cuapa. Assim ele evitaria aqueles incidentes. Ele não prestou atenção em mim, apesar de que o que eu lhe havia contado na visita anterior já havia sido cumprido em parte: eu lhe falei sobre um roubo. Eles roubaram duas mulas dele. Eu lhe falei sobre um assalto. Eles arrombaram a porta uma noite e o roubaram de novo.
Eu lhe disse que seu calcanhar esquerdo seria ferido. E assim foi. Durante esta segunda visita a Zelaya, ele mesmo me mostrou o ferimento mas ele não acreditou. Disse que foi coincidência. Ele não mudou.
Novamente voltei a Cuapa me sentindo triste. Desconsolado! Rezei o Rosário por ele.
Dois meses e um dia mais tarde, isto é, dia 9 de setembro de 1980, a cunhada dele — que mora em Cuapa e que não acreditava em nada do que eu dizia — recebeu um telegrama avisando-a de que meu primo havia sido encontrado morto. À meia-noite daquele mesmo dia, que foi também o dia que seguiu a quarta visão, o cadáver dele chegava a Cuapa.
Tudo o que o anjo me disse foi cumprido ao pé da letra.
Eu tinha um encontro com a Senhora, mas ele não aconteceu. Não pudemos chegar lá porque o rio estava tão fundo, estava cheio. A corrente estava muito forte e transbordava devido a fortes ventos. Uma chuva muito forte caiu desde a noite do dia 17, toda a noite e o dia seguinte... choveu sem parar no dia 18 de agosto. Era impossível atravessar! Eu estava acompanhado por um grupo de pessoas, todas mulheres. Chegando à margem do rio tentamos atravessar, mas achamos impossível. Seria impossível mesmo a cavalo. Eu disse: "Mesmo sozinho, vou atravessar".
Mas olhei e disse: "Não! Não posso fazer isso sozinho! A corrente irá me carregar, está tão forte!" Continuou a chover. Estávamos totalmente ensopados pela chuva. Então disse às pessoas: "A Virgem Santa, a Mãe Santíssima, irá nos ouvir onde quer que estejamos." E paramos de tentar cruzar o rio para chegar ao local das visões. Sentamo-nos nas rochas ao longo do rio; outros permaneceram em pé. Então rezamos o Rosário e cantamos muitas canções. Na volta não sentíamos frio nem estávamos tristes.
Quando se tornou possível atravessar, voltamos ao local das aparições. Mas nada aconteceu, nem senti que a Senhora viria. Senti não vê-La. Agora já estava familiarizado com a ideia Dela chegar. Eu me sentia feliz por esperá-La e ainda mais ao vê-La.
Outra coisa que aconteceu durante este mês foi que pude ver que o padre não acreditava em mim. Por educação ele tentava não demonstrar isso, mas... não, ele não acreditava. Ele nunca mostrou nenhum interesse em ir ao local em que as aparições aconteciam. Entretanto, um dia ele chegou à capela, celebrou a Missa, e depois me disse que queria ir ao local onde as aparições se davam. Mas me disse para não apontar o caminho e para não falar com ele.
E foi assim. Chegamos ao local. Pude ver que ele olhava para todos os lado ao nosso redor. Ele olhava como se reconhecendo alguma coisa. Depois, indicou o ponto preciso: "Este é o lugar que estava em meu sonho na noite passada."
Com isso ele mudou. Antes disso notava que ele não aceitava. Pude perceber isso. Mas não o julguei, pois talvez ele tenha sido um instrumento para saber a verdade.
Ao final de agosto, um dia lhe disse: "Padre, estou triste porque não pudemos cruzar o rio por causa da forte correnteza. Será que Ela esperava que atravessássemos o rio no dia 8 de agosto? Será que Ela não vai voltar?" Ele me disse: "Reze e ela aparecerá novamente".
Ele disse isso com convicção.
A Quarta Visão
Vista frontal da capela de Capua, onde Bernardo prestava seus serviços como como humilde sacristão |
Dessa forma, sobre tudo isso, estava a Virgem Maria. Eu a vi como uma criança. Linda! Mas pequena! Ela estava vestida em uma túnica de cor creme pálido. Não tinha um véu, nem coroa, nem manto. Nenhum adorno ou bordado. O vestido era longo, com mangas longas, e tinha um cordão rosa na cintura. Seu cabelo caía até os ombros e era castanho. Os olhos também, embora muito mais claros, quase da cor do mel. Toda Ela irradiava luz. Parecia como a Senhora, mas era uma criança.
Eu olhava para Ela maravilhado sem dizer uma palavra, e então ouvi Sua voz como de uma criança... uma criança de sete... oito anos. Com uma voz extremamente suave Ela me deu a mensagem; totalmente idêntica. Ao final, pensei que, como Ela era uma criança, seria mais fácil para ela permitir-se ver pelos outros que me acompanhavam. Esse era meu esforço. Disse a mim mesmo: "Os outros devem poder vê-La!" E Lhe disse: "Permita-se ser vista para que todo o mundo acredite. Estas pessoas que estão aqui querem vê-La." As pessoas podiam me ouvir, mas não a Ela. Falei bastante com Ela tentando fazer com que se permitisse ver, mas depois de me ouvir Ela disse:
"Não. É suficiente que você lhes dê a mensagem porque para aquele que acredita será suficiente, e para aquele que não acredita, mesmo que me veja ele não acreditará."Estas palavras Dela foram cumpridas. Agora posso ver a descrença ou a fé de uma pessoa. Há indivíduos que vêm sem procurar ver nenhum sinal; a mensagem é suficiente para eles, eles a recebem. Alguns têm grandes necessidades... eles não pedem um milagre, não pedem curas, preferem acreditar no Senhor. Já outros que através dos sinais vieram a acreditar. Conheci um homem que, cheio de alegria, me disse: "Bernardo, agora acredito que a Virgem apareceu. Você é feliz! Eu também A vejo!" E ele indicou o lugar. Era na velha capela, onde era o altar antes. Poucos metros além estava outro homem que, ao me ver passar, me disse cheio de indiferença: "É verdade que está lá. Mas não é nada mais do que seres de outros planetas. Eles estão (?)" Isto ocorreu no dia 7 de maio de 1981, véspera do primeiro aniversário da primeira aparição.
Então não insisti mais que Ela permitisse que fosse vista, mas em vez disso falei a respeito da igreja que as pessoas queriam construir em Sua honra. Padre Domingo nos disse que essa era uma decisão que ele não poderia tomar, e que devíamos contar à Santíssima Virgem. Por isso apresentei esta questão a Ela. Porque um homem de Matagalpa já nos havia dado C$80,00 córdobas para esse fim. Ela me respondeu dizendo:
"Não. O Senhor não quer igrejas materiais. Ele quer templos vivos, que são vocês mesmos. Restaurem o sagrado templo do Senhor. Em vocês está a satisfação do Senhor."E Ela continuou, dizendo:
"Amem-se. Amem uns aos outros. Perdoem-se uns aos outros. Façam a paz. Não peçam por ela antes. Façam a paz!"Eu perguntei o que deveria fazer com as C$80,00 córdobas que tinha em minhas mãos. Eu me perguntava se deveria devolvê-las. Ela me disse para doá-las para a construção da capela em Cuapa. E acrescentou:
"Deste dia em diante, não aceite nem um centavo para nada."Depois Ela me disse para não chamar "igreja" a coisas materiais porque a igreja e os templos (são) nós mesmos; que as capelas são casas de oração. Às vezes, por hábito, eu me engano e digo "igreja" em vez de "capela".
Nesse momento, me veio uma dúvida na cabeça. Eu havia pensado em perguntar a Ela sobre esta dúvida porque não sabia se continuava no catecumenato. Fiz isso para saber o que Ela me aconselhava. Ela me disse:
"Não. Não deixe. Sempre continue firme no catecumenato. Pouco a pouco você compreenderá tudo o que o catecumenato significa. Como um grupo da comunidade meditem sobre as beatitudes, longe de todo o barulho".Mais tarde ela acrescentou:
"Não vou retornar no dia 8 de outubro, mas no dia 13."Então a nuvem A elevou. Como das outras vezes... quando A via.
A Quinta Visão
Bernardo e familiares em frente de sua modesta casa de campônio |
No dia 13, que era uma segunda-feira, tínhamos uma (devoção?) na capela às dez da manhã. Depois, um grupo de cerca de cinqüenta pessoas foi ao local das aparições. Uma pequena peregrinação. Fomos rezando o Rosário e cantando. Ao chegar, arranjamos as flores que as pessoas haviam trazido, sobre as rochas. começamos outro Rosário.
O céu parecia como se fosse chover, com grandes nuvens ameaçadores. Pareciam de chuva. E quando estávamos no terceiro mistério, o Nascimento do Filho de Deus, senti a mesma emoção que sempre sentia quando a (hora?) de vê-La se aproxima. Mas achei melhor não perturbar a reza do Rosário. Ao final cantamos "Minha Rainha do Céu". Repetíamos a parte que diz: "Brilhante Estrela do Dia, dê-me a graça de (poder?) cantar a Ave Maria", quando de repente um círculo luminoso se formou sobre o chão.
Todos, sem exceção, o viram; era como um (?) que tivesse caído e marcado esse círculo luminoso no chão. A luz veio de cima. A luz que veio era como um ponto de luz que, ao tocar o (chão?) se espalhasse. Vendo como esta luz caía sobre as cabeças de todos que lá estavam, olhei novamente para cima e vi um círculo que se havia formado também no céu. Como quando dizemos aqui: "há um anel em volta da lua" ou "há um anel em volta do sol". Esse círculo soltava luzes de cores diferentes, sem sair do sol. Não estava naquele lugar, pois o sol já se estava pondo.
Uma menininha, segura pela mão da mãe, tentou se soltar dizendo à mãe que a Senhora a chamava. A mãe a segurou ainda mais firmemente e não a deixou se mover. A própria criança me contou isso depois da aparição.
Eram três da tarde. Era possível sentir uma suave brisa. Agradável! Como uma chuva refrescante, mas que não nos molhava. Enquanto observávamos isso, estávamos em silêncio e continuávamos vendo aquele círculo de luz que soltava luzes coloridas exatamente no centro, onde o sol está ao meio-dia.
De repente, um relâmpago, assim como das outras vezes; logo, um segundo. Baixei meus olhos e vi a Senhora. Desta vez, a nuvem estava sobre as flores que havíamos trazido, e sobre a nuvem os pés da Senhora. Linda! Ela estendeu Suas mãos e raios de luz atingiram a todos nós.
Eu, ao ver a Senhora lá com os braços estendidos, disse às pessoas: "Vejam! Lá está Ela!"
Ninguém respondeu nada. Então disse à Senhora para que fizesse com que A visse, que todos os presentes queriam vê-La. Ela disse:
"Não. Nem todos podem me ver."Novamente eu disse às pessoas: "Nossa Senhora está na pilha de rochas sobre as flores."
Fotografia tirada em 1981, onde se vê peregrinos en Cuapa observando o fenômeno do sol |
Ninguém me respondeu. Então eu disse para a Senhora: "Senhora, permita que eles A vejam para que acreditem! Porque muitos não acreditam. Eles me dizem que é o demônio que aparece para mim. E que a Virgem está morta e voltou ao pó como qualquer mortal. Permita que eles A vejam, Nossa Senhora!"
Ela não respondeu nada. Ela levantou as mãos ao peito em uma posição similar à da imagem de Nossa Senhora das Dores — a imagem que é carregada em procissão durante a Semana Santa — e assim como aquela imagem, Seu rosto se tornou pálido, Seu manto mudou para uma cor cinza, Seu rosto se tornou triste e Ela chorou. Eu chorei também. Eu tremia de vê-La daquele jeito. Eu Lhe disse:
"Senhora, perdoe-me pelo que eu Lhe disse! Sou culpado! A Senhora está brava comigo. Perdoe-me! Perdoe-me!"
Ela então me respondeu dizendo:
"Não estou brava nem ficarei brava".Eu perguntei: "E por que chora? Eu a vejo chorando." Ela me disse:
"Entristece-Me ver a dureza do coração dessas pessoas. Mas você terá que rezar para elas para que elas mudem".Eu não podia falar. Continuei a chorar. Senti que meu coração estava sendo esmagado. Eu estava muito triste como se fosse morrer da dor ali mesmo. Meu único alívio era através do choro. Não continuei a insistir para que Ela permitisse ser vista. Senti que era culpado por Lhe ter dito isso. Não suportava vê-La chorar. Enquanto eu continuava a chorar, Ela me deu a mensagem:
"Rezem o Rosário, meditem os mistérios.Quando Ela terminou de dar a mensagem, eu me lembrei dos pedidos do povo de Cuapa. Eu Lhe disse: "Senhora, tenho muitos pedidos, mas me esqueci deles. Há muitos. A Senhora sabe todos eles".
Ouçam a Palavra de Deus que está neles.
Amem-se. Amem uns aos outros.
Perdoem uns aos outros.
Façam a paz. Não peçam por paz sem fazer a paz; porque, se vocês não a fazem, não é bom pedir por ela.
Cumpram suas obrigações.
Ponham em prática a Palavra de Deus.
Procurem maneiras de agradar a Deus.
Sirvam o seu próximo, pois dessa forma vocês O agradarão".
Ela então me disse:
"Eles Me pedem coisas que não são importantes. Peçam por fé para que tenham a força para que cada um possa carregar sua própria cruz. Os sofrimentos deste mundo não podem ser suprimidos. Os sofrimentos são a cruz que vocês devem carregar. A vida é assim. Há problemas com o marido, com a esposa, com os filhos, com os irmãos. Falem, conversem para que esses problemas sejam resolvidos em paz. Não se voltem à violência. Jamais voltem à violência. Rezem pela fé para que tenham paciência".
Bernardo Martínez, o vidente da Santíssima Virgem María, nasceu em 29 de agosto de 1931 (día de São Bernardo) no povoado de Cuapa, Chontales, Nicarágua, uns meses antes do terrível terremoto que destruiu a capital de Manágua em 31 de Marzo desse mesmo ano |
Depois Ela me disse:
"Você não mais me verá neste lugar."Pensei que nunca mais a veria novamente, definitivamente, e comecei a gritar:
"Não nos deixe, minha Mãe!"
"Não nos deixe, minha Mãe!"
"Não nos deixe, minha Mãe!"
Eu falava por aqueles que não estavam falando, então Ela me disse:
"Não fique aflito. Estou com todos vocês embora não possam me ver.
Sou a Mãe de todos vocês, pecadores.
Amem-se.
Perdoem-se.
Façam a paz, porque se não a fizerem
não haverá paz.
Não se voltem à violência.
Jamais se voltem à violência.
A Nicarágua tem sofrido muito desde o terremoto e continuará a sofrer se todos vocês não mudarem.
Se vocês não mudarem, apressarão o início da Terceira Guerra Mundial.
Reze, reze, meu filho, pelo mundo todo.
Uma mãe nunca se esquece de seus filhos.
E Eu não me esqueci do que vocês sofreram.
Sou a Mãe de todos vocês, pecadores".
Depois das aparições, por uma graça preciosíssima da Santísima Virgem, Bernardo, aos 64 anos de idade, foi ordenado sacerdote na Catedral de León, Nicaragua, em 1995. Morreu como santo sacerdote no ano 2000 quando celebrou a missa da resurreição na mesma catedral |
Fontes de consulta:
(Tradução da versão em inglês, do relato original do Bispo)
NOTA DA VERSÃO EM INGLÊS: Esta página foi copiada à máquina, de um relatório do Bispo, enviado por fax (site Apparitions of Jesus and Mary) por Carlos Mantica. A cópia estava muito fraca para ser escaneada. Palavras ou letras em parênteses (?) indicam trechos perdidos na cópia do fax.
Cf. Cuapa - http://www.cuapa.com/ - acesso em 15/06/2009
Cf. Cuapa Apparitions - http://cuapaapparitions.com/ acesso em 15/06/2009
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