RÁDIO MENSAGEIRA DA PAZ

sábado, 6 de agosto de 2011

Pontmain - (França) + 1871 Nossa Senhora de Pontmain




Em Janeiro de 1871, Paris está cercada pelo exército da Prússia que há três anos mantém prisioneiro Napoleão III. Pontmain situa-se entre a Bretanha e a Normandia
A aparição de Pontmain marca o fim da invasão prússica da Bretanha mas, pelo simbolismo dos diferentes quadros que se sucedem, ultrapassa o âmbito deste acontecimento.
17.30 h - Eugéneo Berbedette (12 anos), o irmão José (10 anos), e o pai pisam giestas numa granja para fazer cama para os animais.
Jeanette Detais, "a coveira", entra, interrompendo o trabalho, pondo-se à conversa sobre a guerra com o pai das crianças.  Eugénio sai "para ver o tempo".
A cerca de sete metros, por cima do telhado da casa dos Guidecoq, a uns seis metros de altura, Eugénio vê um sítio no céu com menos estrelas. Subitamente, por cima e ao meio do telhado, vê uma Bela Senhora sorridente que olha para a criança com um ar de bondade delicada e terna. Está vestida com um fato à oriental, amplo e de cor azul. Este fato azul (foi feita a associação com a cúpula da igreja de Pontmain, que naquela época estava pintada e salpicada de estrelas douradas), semeado de estrelas de ouro, vai do pescoço aos pés. As mangas são largas e descem até às mãos. A Senhora tem sapatos azuis como o vestido, e sobre o peito do pé, uma fita de ouro forma um anel semelhante a uma roseta bem desenhada. Um véu preto lançado para trás cai até metade das costas. A cabeça da Senhora está enquadrada por três estrelas em forma de triângulo. Tem uma coroa de ouro, espécie de diadema, duma altura de cerca de vinte centímetros, cingida por um galão vermelho mais ao menos a meio que se ia alargando como um cone truncado e voltado para baixo. A Senhora tinha as mãos estendidas e baixadas como na aparição da Medalha Milagrosa.
Durante toda a noite, três estrelas dispostas em triângulo fixam o local da aparição; a cabeça da Senhora precisamente no meio. As estrelas desaparecerão com ela.
As etapas da Aparição
Enquanto esperam a chegada do prior da paróquia, as pessoas presentes recitam o terço dos mártires do Japão (A pequena coroa dos mártires japoneses, ou pequeno terço, aprovada por Pio IX no momento da canonização dos mártires japoneses, é recitada para solicitar a protecção dos mártires à Igreja e a conversão do Japão e do Extremo Oriente.)
Recita-se do seguinte modo: a) sobre a cruz, os actos de fé, esperança e caridade; b) em cada uma das contas pequenas, as invocações "Doce coração de Maria, sede a minha salvação", "Meu Jesus, misericórdia"; c) Nas contas grandes: "Pai eterno, ofereço-vos o Sangue preciosíssimo de Jesus Cristo em expiação dos meus pecados e pelas necessidades da Santa Igreja."
Quando o coração de Maria é invocado e o sangue de Cristo oferecido ao Pai, a aparição torna-se mais nítida aos olhos das crianças.
Primeiro, um oval dum azul semelhante ao do fato forma-se em torno da visão. Depois, quatro castiçais simples, com quatro velas, aparecem fixados no interior do oval, dois à altura dos ombros da Senhora, os outros dois à altura dos joelhos. Finalmente sobre o peito da visão, à esquerda, uma pequena cruz vermelha, do tamanho de um dedo. Foi no seu coração trespassado por uma espada que Nossa Senhora sofreu toda a Paixão.
Na sequência, os diversos momentos da aparição, desenrolaram-se pontuando a oração dos paroquianos reunidos em torno do seu pastor.
Mas, vejamos o filme da aparição antes de tentarmos descobrir-lhe o sentido escondido. Tendo tido início às cinco horas e meia, durou até às vinte e uma.
A Virgem cheia de estrelas não pára de sorrir, passado todo este tempo em que se apresenta na noite estrelada.
No entanto, Maria cai na tristeza, porque a multidão pôs-se à conversa, a discutir, a brincar, esquecendo a sua presença.
Primeira oração: o terço.
O sacerdote repõe a ordem e a decência mandando rezar e, naturalmente, a primeira oração que dirigem à Virgem Maria é o terço.
Todos se ajoelham. Neste momento a Senhora começa a crescer… Terminado o terço, o seu tamanho está pelo dobro, não tendo os pés saído do sítio.
Também a estrela se elevou progressivamente, a estrela que está no cimo do triângulo.
O oval também aumentou na mesma proporção.
Para além disto, enquanto a multidão reza, as estrelas do vestido multiplicam-se. Nascem a alguns centímetros de Maria, depois vêm colocar-se sobre a túnica, irregularmente e harmoniosamente, como as estrelas do firmamento. No final, o fato da Virgem "formigava" de estrelas.
Quanto às estrelas que pareciam estar no céu, à medida que vão sendo escondidas por Maria que cresce, afastam-se, reordenam-se, depois descem ao longo do corpo virginal e, sob os pés, fora do oval azul, reúnem-se num enxame. Os videntes contaram cerca de quarenta.
A Virgem Maria quis assim manifestar o lugar privilegiado do Terço nas orações que lhe são dirigidas, e quanto esta oração é poderosa sobre o seu coração.
Segunda oração: o Magnificat.
Terminado o terço, o Prior fez entoar o Magnificat. Desde os primeiros versículos, uma faixa branca do comprimento do telhado da casa, de cerca de um metro de largura, estende-se subitamente aos pés de Nossa Senhora. Pouco a pouco, letras douradas vão-se desenhar aí em maiúsculas vulgares - Um M, depois um A, depois um I, e finalmente, um S. A palavra MAIS ('mas' em português) permanece sozinha na faixa durante um dezena de minutos. Finalmente, outras letras aparecem. No final do Magnificat a faixa tem:
MAS REZAI, MEUS FILHOS.
São cerca de dezanove horas e meia da tarde. Quando as discussões em volta das crianças soletrando as letras, são demasiado vivas, a Virgem deixa de sorrir.
Terceira oração : as litanias da Santíssima Virgem.
As litanias seguem-se ao Magnificat.
"É preciso, diz o Prior, pedir à Santíssima Virgem que manifeste a sua vontade. "
Quase de imediato, as crianças gritam : "Eis que mais uma vez alguma coisa aparece, é um D! É um I! ('Dieu' é a palavra que aparece; Deus, em português.)
DEUS VOS ATENDERÁ EM POUCO TEMPO
Depois desta última palavra, um ponto grande como o sol.
A multidão ergue-se numa indizível esperança.
Ora, a Aparição mantinha-se no céu, por cima do telhado da casa dos Guidecoq. A dona da casa, segura de que as crianças estavam alucinadas, entra para casa. Volta a sair, empurrada pela curiosidade e igualmente incrédula, durante o cântico das Liatnias. Foi então que ficou cilindrada, projectada de joelhos e confundida.
 
Quarta oração: A Inviolata
Depois das Litanias, entoam a Inviolata. Estavam em "O Mater Alma Christi Carissima", quando brotaram as palavras:
O MEU FILHO
E então, ficou a saber-se sem sombra de dúvida quem era a Senhora coberta de estrelas, tão celeste e tão profundamente maternal.
Quinta oração: Salvé Rainha.
Durante o cântico da Salvé Rainha, a frase, por um tempo suspensa, continuou.
Nossa Senhora traz a sentença da Misericóridia:
O MEU FILHO
DEIXA-SE TOCAR
Um traço grosso sublinha esta segunda linha.
Sexta oração: Mãe da Esperança
Para parar os comentários que se tornavam num falatório dos habitantes da aldeia, reunidos em volta das crianças, o Prior fez entoar o cântico tradicional de Pontmain.
"Mãe da Esperança cujo nome é tão doce.
Protegei nossa França. Rezai por nós. Rezai por nós"
A Santíssima Virgem, sorrindo mais do que nunca "com o mais belo sorriso que pudemos contemplar durante a aparição", escreverá José Berbedette, eleva as mãos à altura dos ombros, os cotovelos ligeiramente apoiados dos lados, as mãos um pouco inclinadas para trás, a palma virada para as crianças. O braço esquerdo assim elevado não escondia a pequena cruz vermelha que se encontrava sobre o coração.
"Olha, Ela ri", gritam as crianças.
A virgem agita delicadamente os dedos. No final do cântico a faixa apaga-se.
Sétima oração: o cântico "Meu doce Jesus, finalmente eis o tempo de perdoar aos nossos corações penitentes", entrecortado pelo "Parce Domine".
Este cântico, tão popular como o primeiro, segue-se-lhe. E de repente, sem que desta vez houvesse culpa da multidão, Maria, por uma segunda vez, cai na tristeza.
Forma-se um crucifixo, um pouco à frente de Maria. Ela baixa de imediato os braços para o agarrar.
A cruz é vermelha escura, cor de sangue venoso das veias; o Cristo, vermelho vivo, como o sangue arterial. Tem a cabeça inclinada para a esquerda.
O sangue de Cristo não escorre. Nenhum movimento que indique vida.
Este estranho crucifixo tem por cima um trave branca um pouco mais curta que os braços da cruz e tem escrito em letras de sangue:
JESUS CRISTO
Maria agarra o crucifixo um pouco acima dos pés de Cristo, com as duas mãos, a mão esquerda por cima da direita, inclinando-o ligeiramente para a terra.
A imensa tristeza de Maria contagiou a multidão.
Desde o início do cântico, uma das estrelas que tinha vindo colocar-se como que a fazer um pedestal à Virgem, põe-se em movimento e, entrando no oval, vai acender as quatro velas em torno dela. A virgem tem os olhos baixos. Olha para o Crucifixo. Os seus lábios mexem. Não deita lágrimas, mas a sua tristeza é inexprimível.
Oitava oração: Ave Maris Stella.
No Final do cântico "Meu doce Jesus", o Prior canta o hino "Ave Maris Stella". Imediatamente o Crucifixo desaparece. A Estrela da manhã retoma a sua posição hierática, de braços caídos, estendidos, as palmas cheias de graça.
Duas pequenas cruzes brancas foram como que plantadas sobre os ombros de Maria, enquadrando-lhe o rosto.
No entanto, sob o sorriso reencontrado, transparece agora um pouco de gravidade, como a sombra das Sete Dores da Mãe do Filho do homem.
O Prior convidou a que se fizesse a oração da noite. Então, elevando-se pouco a pouco, um véu branco cobriu a Aparição e tudo desapareceu quando a oração da noite terminou. Eram cerca das 9 da noite.
O presente é ainda sombrio.

Reconhecimento pela Igreja
Depois do processo canónico, o bispo de Laval reconheceu a autenticidade da aparição de Pontmain por decreto de 2 de Fevereiro de 1872. A Igreja confirmou este decreto em 1920.

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