RÁDIO MENSAGEIRA DA PAZ

terça-feira, 30 de agosto de 2011

EXCELÊNCIA DA CASTIDADE

SANTO AFONSO DE LIGÓRIO

I. EXCELÊNCIA DA CASTIDADE


Ninguém melhor que o Espírito Santo saberá apreciar o valor da castidade. Ora,

Ele diz: “Tudo o que se estima não pode ser comparado com uma alma continente” (Ecli

26, 20), isto é, todas as riquezas da terra, todas as honras, todas as dignidades, não lhe

são comparáveis. Santo Efrém chama a castidade de “a vida do espírito”; São Pedro

Damião, “a rainha das virtudes”; e São Cipriano diz que, por meio dela, se alcançam os

triunfos mais esplêndidos. Quem supera o vício contrário à castidade, facilmente

triunfará de todos os mais; quem, pelo contrário, se deixa dominar pela impureza,

facilmente cairá em muitos outro vícios e far-se-á réu de ódio, injustiça, sacrilégio, etc.

A castidade faz do homem um anjo. “Ó castidade, exclama Santo Efrém (De

cast.), tu fazes o homem semelhante aos anjos”. Essa comparação é muito acertada, pois

os anjos vivem isentos de todos os deleites carnais; eles são puros por natureza; as

almas castas, por virtude. “Pelo mérito desta virtude, diz Cassiano (De Coen. Int., 1. 6,

c. 6), assemelham-se os homens aos anjos”; e São Bernardo (De mor. et off., ep., c. 3):

“O homem casto difere do anjo não em razão da virtude, mas da bem-aventurança; se a

castidade do anjo é mais ditosa, a do homem é mais intrépida”. “A castidade torna o

homem semelhante ao próprio Deus, que é um puro espírito”, afirma São Basílio (Dever. virg.).

O Verbo Eterno, vindo a este mundo, escolheu para Sua Mãe uma Virgem, para

pai adotivo um virgem, para precursor um virgem, e a São João Evangelista amou com

predileção porque era virgem, e, por isso, confiou-lhe Sua santa Mãe, da mesma forma

como entrega ao sacerdote, por causa de sua castidade, a santa Igreja e Sua própria Pessoa.

Com toda a razão, pois, exclama o grande doutor da Igreja, Santo Atanásio (De virg.):

‘Ó santa pureza, és o templo do Espírito Santo, a vida dos Anjos e a coroa dos Santos!”.

Grande, portanto, é a excelência da castidade; mas também terrível é a guerra

que a carne nos declara para no-la roubar. Nossa carne é a arma mais poderosa que

possui o demônio para nos escravizar; é, por isso, coisa muito rara sair-se ileso ou

mesmo vencedor deste combate. Santo Agostinho diz (Serm. 293): “O combate pela

castidade é o mais renhido de todos: ele repete-se cotidianamente, e a vitória é rara”.

“Quantos infelizes que passaram anos na solidão, exclama São Lourenço Justiniano, em

orações, jejuns e mortificações, não se deixaram levar, finalmente, pela concupiscência

da carne, abandonaram a vida devota da solidão e perderam, com a castidade, o próprio Deus!”

Por isso, todos os que desejam conservar a virtude da castidade devem ter suma

cautela: “É impossível que te conserves casto, diz São Carlos Borromeu, se não vigiares

continuamente sobre ti mesmo, pois negligência traz consigo mui facilmente a perda da castidade”.
 

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